sexta-feira, 23 de abril de 2010

Um grão de areia entre os Imortais



Quando criança costumava ir muito à casa de minha avó, em Americana, de ônibus e até de trem. Para chegar até a rodoviária, minha mãe, meus irmãos e eu andávamos pelo centro da cidade e íamos conhecendo as ruas, os prédios históricos e cada cantinho, bonito ou feio, desse nosso caminho. Sem ter consciência de que já era apaixonada por literatura, apesar dos muitos livros que lia na escola, eu já tinha uma curiosidade enorme por um prédio específico, muito bonito e que chamava muito a atenção. Minha mãe não sabia explicar o que faziam ali, então a dúvida só aumentava: como será lá dentro? Pois não é que agora, tanto tempo e tantos sonhos depois, eu consigo entrar naquele prédio majestoso e conhecer suas dependências. Me refiro ao prédio da "Academia Campinense de Letras", no centro da cidade, e com sua bela fachada cheia de colunas no estilo grego.


No último sábado estivemos eu, Cátia, Carol e Marina num evento promovido pela "Casa do Poeta de Campinas", que foi realizado ali, na Academia. Devo admitir que estava ansiosa para colocar meus pés pela primeira vez lá dentro. Logo que chegamos fomos muito bem recebidas por todos os oeganizadores do evento, que nos deixaram muito a vontade. Confesso também que não tinha a menor noção do que ia acontecer, e fui pega de surpresa quando, já na abertura do evento, o presidente da Academia nos perguntou se alguma de nós declamava algum poema. Minhas companheiras me incentivaram a ir lá na frente e ler um poema meu, que foi publicado na Coletânea da CBJE, "Lendas", e eu, morrendo de vergonha por estar na frente de tanta gente competente, li meu poeminha e voltei correndo para o meu lugar:


Dentre os muitos poetas que estavam presentes, conhecemos Rosana Marinho, magnífica declamadora que apresentou uma poesia caipira (que, infelizmente, eu não me lembro o nome). Ela disse que conhece e acompanha nosso blog:


Também tivemos a honra de conhecer o Sr. Moacir Monteiro, com uma história de vida linda, que nos presenteou com seu livro de poesias. Inclusive a Cátia pretende convidá-lo para participar de "Semana de Letras" este ano na FAC:


Ah! A Carol foi sorteada e ganhou um livro:


O presidente da Academia Campinense de Letras, João Baptista Muniz Ribeiro e sua esposa, foram extremamente simpáticos e nos receberam muito bem, deixando-nos muito à vontade:



O evento foi acompanhado pela bela música de Antônio Carlos e seu violão. Ele estava lançando seu 6º CD e nos brindou com canções belíssimas entre uma poesia e outra:


Enfim, foi um sábado marcante e inesquecível, onde conhecemos pessoas maravilhosas e criativas, declamadores incríveis que nos surpreenderam com textos difíceis como a declamação de José Luiz Lopes, que nos encantou com sua interpretação do 3º Solilóquio de Hamlet:



Sonho realizado: entrei na Academia Campinense de Letras. E comecei a batalhar para realizar outro sonho: me tornar uma Acadêmica (quem sabe?). Pretendo participar dos próximos encontros realizados pela "Casa do Poeta de Campinas", e todos estão convidados também.

Para acompanhar todos os eventos ou conhecer um pouco mais da história da Academia, visitem:

Academia Campinense de Letras

Casa do Poeta de Campinas


PS1: novo texto no blog Manufatura, não percam.

PS2: no título da postagem, grão de areia é como eu me senti entre os imortais da Academia e todos aqueles poetas maravilhosos. De verdade, fiquei tão pequena lá dentro que cheguei a pensar se eu realmente sei escrever alguma coisa.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Poeminha básico

Sem nada melhor para escrever, e para não passar mais uma semana em branco, vai aí um poema de Vinícius de Moraes:


"Ternura"

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
                                                                              [ extático da aurora.



PS: não deixem de ler no blog Ideias Absurdas mais uma série de Micro Histórias.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Brisas

Ando perdida entre tantos trabalhos para a faculdade, estágio, cuidar da casa e da família... e de mim! Também preciso de um tempo para minhas coisas, ou para simplesmente não fazer nada. Livros para ler, poesias para escrever, contos para revisar, enfim, tudo fora de ordem esperando por uma brecha na correria do dia a dia. Mas apesar de tudo isso, a música está sempre presente em minha vida; quando não as ouço, fico com alguma se repetindo constantemente em minha cabeça, como uma brisa amenizando o cansaço do pensamento.
Já que comecei a falar de música, preciso admitir que acabei por gostar (enfim) da Vanessa da Mata. Eu que não gostava dela porque tinha ouvido tanto nas rádios a música "Ai, ai, ai", não conseguia imaginar que um dia iria ouvir com calma seus CDs e acabaria gostando de seu estilo. Uma brisa de benevolência musical que acabou me conferindo mais emoções.
E por falar em emoções, essa semana brinquei com um professor pedindo a ele ao marcar a prova bimestral, que ao invés de nos fazer ler tantos livros e textos, elaborasse uma prova baseada na série "Crepúsculo", já que sobre isso eu tenho muito conhecimento e não precisaria estudar tanto, sobrando tempo para fazer os trabalhos pedidos pelos outros professores. Uma brisa de humor para quebrar aquele clima tenso de pré-prova.
Ainda sobre as provas, ando preocupada, o que é raro, já que eu sempre encaro tudo isso com muita tranquilidade e acabo sempre me saindo bem. Não quero me gabar, mas afinal estou estudando o que gosto, não sofro em nada por causa das provas. Entretanto agora a coisa apertou, tudo se acumulou e eu não estou conseguindo me desligar disso. Uma brisa de seriedade para me deixar mais alerta.
E para tentar me desligar, pensar com mais clareza sobre tudo o que tenho que fazer nesse final de semana, tenho ouvido muito Djavan. Poesia pura em suas músicas. Acalma e faz bem. Como uma brisa.
Enquanto estudava agora à tarde, encontrei um poema de Cecília Meireles que me fez pensar em partidas e chegadas:

"Valsa"
Fez tanto luar que eu pensei nos teus olhos antigos
e nas tuas antigas palavras.
O vento trouxe de longe tantos lugares em que estivemos,
que tornei a viver contigo enquanto o vento passava.

Houve uma noite que cintilou sobre o teu rosto
e modelou tua voz entre as algas.
Eu moro, desde então, nas pedras frias que o céu protege
e estudo apenas o ar e as águas.

Coitado de quem pôs sua esperança
nas praias fora do mundo...
- Os ares fogem, viran-se as águas,
mesmo as pedras, com o tempo, mudam.

Foi lendo uma antologia de poemas de Cecília Meireles que encontrei sentido para tudo aquilo que eu escrevia pensando ser poesia, quando eu tinha uns 12 ou 13 anos. No começo, tentava imitá-la, seguir seu estilo, e desde então comecei a desenvolver meu próprio estilo de fazer poesia, de pensar, de respirar poesia. E não é que, para encerrar uma semana tão atribulada, esse poema caiu como uma brisa leve numa tarde quente de verão? Ele representa algo que eu senti nesses últimos dias, não sei por que, mas uma sensação de perda de algo importante, de partida de alguém especial. Loucura ou imaginação poética? Não sei dizer, mas Cecília continua como referência pra mim em muitos momentos de minha vida. Ela é meu ídolo (já que "ídola", segundo o dicionário, siginifica mulher amada, idolatrada, e acho que não é bem isso que eu queria dizer...) e a brisa mais importante que vai comigo nos momentos em que preciso de arrimo. 
É aliando Djavan e Cecília Meireles que entro de cabeça num fim de semana que promete ser muito curto para tanto a fazer. Aproveitem vocês também a poesia desses dois artistas ímpares. Tenho certeza que essa brisa poética vai envolvê-los também.


PS1: Sobre a série "Crepúsculo", sei que muita gente não gosta e até torce o nariz para o estilo vampiresco criado por Stephanie Meyer, mas eu fui fisgada pelo enredo da história e pelo calor humando do nem um pouco humano vampiro Edward Cullen.

PS2: Mas também adoro o universo sombrio das histórias de Anne Ricce. Aliás, o vampiro Lestat está ente os meus personagens de histórias de terror preferidos. E Tom Cruise estava simplesmente perfeito na interpretação do personagem no filme "Entrevista com Vampiro" ao lado do nosso querido Brad Pitt, que também não pecou em nada em sua interpretação.