sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Tempo, tempo, mano velho...


Eu nunca quis envelhecer, isso é fato. Mas as coisas nem sempre acontecem como queremos, principalmente no que se refere ao tempo. Todos envelhecemos, e durante o Sr. Carnaval tive de “tempo” de refletir sobre isso. Na verdade, esse assunto se transformou em dois, e os explico agora; Madonna esteve no Brasil novamente. Eu, que cresci ouvindo suas músicas e as críticas à suas atitudes escandalosas, adoro que ela esteja por aqui, curtindo um pouco o clima da maior festa do mundo (?). Mas deixando o carnaval um pouco de lado, o que me fez realmente pensar é em como o tempo também passou para ela, apesar de ter recursos financeiros infinitos para tentar se manter sempre jovem e bonita, o tempo é cruel e imparcial, atinge a todos, sem exceção. E se até Madonna fica velha, por que não eu? Se eu já disse aqui que cresci com ela, supõe-se que eu já tenha uma certa idade, afinal, ela se lançou na carreira lá pelos idos de 1983... Séculos atrás! E eu realmente a acompanho desde então, quando ela cantava “Material Girl” com aquela voz fininha... E depois de tantas peripécias, casar, separar, escandalizar, ser mãe, voltar a escandalizar, fazer sucesso mundo afora, eis que ela se encontra aqui no nosso Brasil, bem à vontade, diga-se de passagem, como podemos contatar pelos beijos “adolescentes” trocados com o namorado Jesus Luz em meio à multidão. Na primeira vez em que Madonna esteve no país em 1993, com a turnê "The Girlie Show" eu quis muito assistir ao show, mas não consegui por “n” motivos. Cheguei realmente a ficar com febre por perder a oportunidade de ver minha cantora preferida ao vivo, mas passou. Depôs disso, assisti ao documentário “Na cama com Madonna” e consegui ver as fotos do tal livro “Sex”, que hoje em dia já não escandaliza mais ninguém. E se hoje as pessoas estão acostumadas a esse tipo de exposição dos artistas em geral, é justamente porque ela, Madonna, começou tudo isso: não fosse ela, jamais veríamos a chata da Britney ou a pouco talentosa Lady Gaga, que dizem por aí, é a nova Madonna - como se isso fosse possível. Na minha opinião, jamais existirá uma nova Madonna nem uma nova (ou novo) quem quer que seja, já que uma pessoa só vive uma vez, e depois que ela inova em alguma coisa não adianta outro tentar fazer o mesmo, não vai dar certo, e no caso de Madonna, ela inovou em muitos aspectos, mesmo que muitos não concordem com isso. Me digam o que Lady Gaga pode nos oferecer de tão importante, ou diferente na sua área, que vá torná-la um ícone mundial ou uma personalidade imortal, como Madonna ou Michael Jackson?

A rainha do pop está quase com cara de avó, mas ainda chama a atenção das câmeras por onde quer que passe. E eu continuo gostando dela e de suas músicas “modernas”, porque sei que um artista tem que se renovar sempre, e acompanhar as tendências atuais, ou seja, fazer música que as pessoas gostem, para ser bem aceita pelo novo público e pelo antigo, que cresceu e ficou bem mais exigente, querendo ouvir algo mais do que “Like a virgin”.

Para mostrar a diferença entre uma Madonna e outra, abaixo tem dois vídeos, de duas das minhas músicas preferidas. O primeiro, "Lucky Star", mostra exatamente como ela no começo da carreira tentava conquistar seus fãs apeas utilizando a voz e a dança, num videoclipe com poucos recursos, e não utilizava subterfúgios como explorar o corpo e o sexo. No segundo, "What feels like for a girl", um dos mais bem feitos, na minha opinião, ela já faz cara de má e sem escrúpulos barbarizar por vários lugares da cidade dirigindo um belo carro para desespero da senhora que está a seu lado:

 




A outra parte do post também se trata da passagem do tempo, mas para outra pessoa muito querida e que me deixou um tanto quanto vazia com sua ausência: Charles Gavin. Sim, ele decidiu deixar os Titãs, e a primeira pergunta que todos devem ter feito ao saber disso é: Por que? Ele alega motivos pessoais, e como Tony Belloto bem comentou em sua coluna na Veja On line: “existe alegação mais impessoal do que “motivos pessoais”?...” Eu só consegui chegar a uma conclusão sobre isso: o tempo pegou Gavin também! Depois de agüentar de quase tudo junto com a banda, desde o início difícil, drogas, prisões, shows, viagens, brigas, reconciliações, queda, ascensão, eis que ele foi abatido pelo cansaço, pela idade, pelo passar do tempo... Imaginei como foi para ele tomar essa decisão, já que uma banda é como um casamento, um compromisso que envolve mais de uma pessoa e é sempre complicado de se desfazer. Charles deve ter acordado numa manhã quente de verão e pensado: “Tô cansado!” Que fosse do cabelo, da barba, das roupas, de ser igual, mas não, era de ser astro do rock, de ser batera, a alma de uma banda. Todos passamos por isso, eu acho, um momento de reflexão a certa altura da vida, e alguns decidem chutar o balde e começar tudo de novo em algum outro lugar, e essas pessoas de opinião forte é que sabem viver. Que Gavin seja feliz no que escolher fazer daqui para o resto de sua vida, e que os Titãs (que agora são 4) não esmoreçam e continuem na estrada fazendo alegria de fãs já um poucos cansados também pelo peso da idade como eu.

Para terminar, dois vídeos também da minha banda preferida: no primeiro, "Isso", Paulo Miklos mostra um pouco de seu talento como ator interagindo com uma elefante, ao som de uma baladinha romântica. Já no segundo, "Antes de você", do mais recente trabalho dos Titãs "Sacos Plásticos", um capricho de arte e fotografia, com os fãs participando junto com a banda pelas ruas de São Paulo. Adoro o solo de guitarra do Tony, que, apesar da passagem do tempo e de uma hérnia de disco, não perdeu a mão e continua mandando muito bem:









PS1: o show de Madonna no Morumbi em 2008 foi a realização de um sonho, e valeu muito à pena esperar 15 anos para vê-la. Agora, como disse José Simão, será possível encontra-la, de repente, até na fila do pão.








PS2: de todas as perdas por quê passaram os Titãs, talvez essa seja a que mais me abalou. Apesar de Marcelo Frommer ter nos abandonado tão precocemente, a falta que Gavin vai fazer é muito grande. E eu que pensei que veria a banda tocando esse ano, cada qual com seu instrumento, sem convidados... não vai ser possível. O mais engraçado é que a cada show deles que assisto, a banda está menor... (ainda bem que vi o show do Arnaldo Antunes, ano passado, rsss).

PS3: para quem também gosta de Titãs, pode ler o texto que postei no Ideias Absurdas falando sobre os talentos individuais de cada integrante da banda: É proibido fumar.


fontes:
Wikipedia
Titãs.net
Veja online
Madonna online

fotos:
Veja online
Madonna online
acervo pessoal

** o título da postagem faz referência a música do Pato Fú "Sobre o tempo"

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Para variar... um conto.

Olá pessoal! Será que ainda tem alguém ai?
Na semana passada o tempo foi curto demais para tanto a fazer, e infelizmente não passei por aqui. Mas hoje retorno com mais uma histórinha para quebrar um pouco esse clima de carnaval:



"Vou dançar e não vou parar!"






Em minha psicose vou dançar, como se nunca tivesse dançado antes. Não vou parar. Não sei se posso ficar parada aqui até me mandarem sair. Já nem sei se posso escrever de mim sem usar a terceira pessoa. Não me olhe como se fosse a primeira ou a última vez. Não me olhe. Não posso ser um livro aberto e nem quero ser um diário mal escrito. Não ria, não me sorria assim, que eu perco a compostura, quebro as promessas e acabo me perdendo de mim. E se me perco agora, como vou dançar? Como vou rodopiar ao léu do vento, nessa noite que começa agora? Minha vida começa com essa noite, com essa música... e a dança! Quero sair à chuva e dançar sob ela feito criança. Não posso parar. Meus pés passeiam pela pista de dança, e meu corpo se move como se não fosse meu... E é de mim que vem a força dessa dança, balançar a cabeça para frente e para trás, jogar os cabelos, estalar os dedos, seguir o ritmo. Ritmo que embala sonhos e pesadelos, e sei que tenho tido muitos, mas a música, quando me toma faz esquecer cada fragmento de sonho ruim, cada segundo das noites anteriores, a espera. Dançar meu conto de fadas imperfeito, dançar histórias que nunca me foram contadas e que nunca serão. Posso dançar e escapar dessa realidade que me torna invisível a todos os outros, posso ser fogo, posso ser eu! A única exceção à minha dança é esse vento que bate em meus cabelos, seca o suor quente em meu corpo – e eu preciso tanto dele! - só mesmo ele para me lembrar que as luzes já se apagaram, todos se foram, a música toca cada vez mais baixo, mas eu danço. E não me olhe nem ria de mim, só quero levar essa paixão musical até as últimas conseqüências, ou até a música parar de tocar. Dançar como se nunca tivesse dançado antes, e pedir que não me olhe. Para escrever de mim, sem promessas para quebrar.



 
PS: saudades de todos que andam sumidos do nosso espaço. Entendo que assim como eu devem estar sem o danado do tempo, mas é a vida.


 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Mais uma história...

Hello everybody!!! Que semana mais parada por aqui pessoal! Vamos lá, ânimo! Semana que vem estaremos de volta à rotina, com algumas baixas significativas, mas... enfim.
Diz o ditado que quem conta um conto aumenta um ponto. Eu, que ainda quero ganhar muitos pontos, venho postar mais um pequeno conto aqui no nosso espaço letreiro. Espero que curtam:

"Atrás daquela porta"

Eu já estava acostumada com o barulho; ele só ouvia hardcore, dia e noite sem intervalos. E pintava. Ele era um artista independente, pintava camisetas e escrevia letras de música para os amigos, porque não sabia tocar nada. Mesmo com o som alto eu podia ouvi-lo trabalhando através da parede fina que separava nossos apartamentos e nossas vidas. Ele nunca falava comigo. Me encontrava no corredor e só acenava com a cabeça. Um dia, analisando o lixo, descobri que ele tomava muito leite, eram caixas e mais caixas depositadas na lixeira. E ouvia muito hardcore. Enquanto ele pintava eu escrevia nossa história, palavra por palavra não dita, e cada uma delas ao riscar a folha de papel onde ficaria para sempre também riscava meu coração. Minha mãe dizia pra eu achar alguém inteligente e com um bom trabalho, alguém que pudesse me garantir um bom futuro. Com certeza ela reprovaria o cara que eu escolhi pra mim. Até mesmo o cara que eu escolhi me reprovaria. Ele pintava sem parar. E ouvia hardcore. E eu escrevia nossa história: “ontem nos encontramos no elevador e não pude resistir... agarrei-o e beijei-o com violência, sem tempo para reagir, ele só pode corresponder ao beijo. Ele me agarrou também, com toda a força de seu corpo musculoso e me mordeu os lábios carinhosamente, puxou meus cabelos com delicadeza e ficou ali, me beijando, passando sua língua na minha, sem o menor pudor, sem perguntar quem eu era ou o que queria... E quando as portas do elevador se abriram a magia acabou. Os braços se soltaram, as bocas se distanciaram e foi como se nunca tivéssemos nos visto antes. Cada um tomou seu próprio caminho...”. Já é tarde, posso ouvi-lo bocejar de cansaço, mas a música continua tocando infinitamente. E eu escrevendo nossa história... não é um romance, é um acesso de raiva. Em apenas dez segundos poderia chegar à porta dele e bater, mas os passos pareciam longos demais. Melhor colar o ouvido na parede e esperar decorar os sons que ele fazia. Pensei em pintar as paredes para diminuir o contato, mas não valia à pena. Risquei algumas palavras sem saber por que estavam ali. O hardcore me tirava o sono, mas o silêncio do meu apartamento era capaz de trincar os espelhos; azar. Nossa história vai fazer aniversário. Acho que vou tomar um copo de leite.


PS: hoje, excepcionalmente, não haverá PS's.