sexta-feira, 5 de março de 2010

Fã de Carteirinha

Estava assistindo, pela enésima vez, ao filme “O Auto da Compadecida”, e confesso que ainda acho graça nas piadas. E não são só as piadas que chamam a atenção nesse filme, mas, principalmente a atuação dos atores, todos eles dão um show de interpretação: Diogo Vilela, o marido traído que tenta manter a “fama de mau”, mas é o tempo todo passado para trás pela mulher, Denise Fraga; Matheus Nachtergaele está simplesmente perfeito como João Grilo, não há o que comentar; e ainda o padre, o bispo, o coronel vem completar a belíssima performance de Selton Melo. Sou fã do cara, acho que ele é um dos melhores atores de sua geração. Ele encara todo tipo de personagem, desde anjo na novela das 8 até o inesquecível Chicó. Suas falas no filme ficam gravadas na memória da gente, e quando percebemos estamos repetindo: “... não sei, só sei que foi assim...”. Em meio à suas confusões, Chicó se mostra uma pessoa boa e muito amiga do companheiro de sempre, João Grilo. Tanto que, quando João morre e Chicó fica com o dinheiro herdado em um dos muitos golpes aplicados pela dupla, ele promete doar toda a quantia para Nossa Senhora se o amigo sobrevivesse. Claramente foi uma promessa feita a fim de não ser cumprida, já que o amigo não poderia ressuscitar e ele acabaria ficando com o dinheiro. Mas eis que o impossível acontece e João volta dos mortos instantes antes de ser enterrado pelo próprio Chicó numa vala aberta em meio ao sertão, e ele tem realmente que fazer a doação para a igreja, ficando pobre novamente. Nesse trecho do filme surge mais um bordão inesquecível: “ah! promessa safada, ah! promessa sem jeito!”. Quem estava vivendo em marte nos últimos anos e ainda não viu o filme vai ficar bravo comigo, mas devo contar que no final tudo acaba bem com os dois amigos e eles continuam juntos, mesmo com o casamento de Chicó com D. Rosinha, que rende muito boas risadas. Lembrando que o filme foi adaptado da obra homônima do escritor Ariano Suassuna e que já tinha sido filmada, porém com menos sucesso que a versão mais recente.
Ainda sobre Selton, quero ressaltar sua interpretação no filme “Meu nome não é Jhonny”. Ele encarna com maestria um personagem real, cheio de problemas com drogas (assunto difícil de ser tratado e também muito atual) e que é levado por um caminho sem volta, apesar de ser de uma família de classe média, porém desestabilizada. Interpretação digna de um Oscar, na minha humilde opinião. Inclusive nesse filme ele teve a opinião do verdadeiro Jhonny para a criação do personagem, e foi muito elogiado por sua atuação. Mas eu sou suspeita para falar qualquer coisa, porque sou fã dele e acabo gostando de tudo o que ele faz. Ainda entre os muitos trabalhos de Selton no cinema temos o filme “Jean Charles”, que conta a história do brasileiro morto por engano numa estação de metrô inglesa, e “O Cheiro do Ralo". Outro bom filme dele é “Mulher Invisível”, junto com Luana Piovani: ele namora uma mulher perfeita, mas que mais ninguém consegue ver. O amigo tenta convencê-lo de que a mulher não existe, mas ele não acredita e passa a viver cada vez mais para o amor dessa mulher, que faz tudo para agradá-lo. O filme é muito engraçado e com um final surpreendente (não vou contar esse). Selton também fez “Lisbela e o Prisioneiro”, uma comédia com um toque de romantismo, mas que eu não gosto muito. Assisti umas duas vezes, a atuação dele é muito boa, mas para mim, o melhor do filme é a música de Caetano Veloso “Você não me ensinou a te esquecer”, que tocou muito em todas as rádios por causa do sucesso do filme. Já no teatro destaques para a peça “O Zelador”, que, inclusive, eu assisti, e onde passei por um dos momentos mais loucos da minha vida. Explico: eu e meu cunhado estávamos sentados na escada do teatro esperando a peça começar, nós tínhamos chegado um pouco cedo para conseguir um bom lugar, e quando a gente menos espera não é que aparece o próprio Selton com alguns amigos, e ficam bem na nossa frente fazendo um tipo de brincadeira ou sei lá o que, sendo filmados por um deles. Eu, que sempre me perguntei o que faria se encontrasse alguém famoso de quem eu gosto muito, tive a resposta nessa noite: não fiz nada! Não consegui me mexer, fiquei a li sentada, frente a frente com o Selton, e mal consegui abrir a boca para falar para o meu cunhado: “olha ele ali!”. No fim das contas, foi engraçado. Eles voltaram para dentro do teatro e a gente saiu do nosso estado de letargia só para dizer: “- Não acredito que ele estava aqui e a gente não fez nada!”. A peça é muito boa, com Selton interpretando Mick, que é irmão de Aston e não concorda com a mania dele de levar tudo que encontra pela rua para dentro de casa, até que um dia Aston encontra um velho garçom num bar e o convida para morar com eles. A partir daí, Aston tenta fazer com que o velho se torne o zelador do edifício, contra a vontade do irmão, Mick. Nessa peça Selton faz sua estréia como produtor teatral. Mas a verdade é que fiquei o tempo todo pensando na chance que eu perdi de falar um oizinho tímido para ele, ou ser mais ousada e pedir um autógrafo, ou uma foto... Depois disso passei a entender melhor o que é chorar sobre o leite derramado. Selton também fez muitos trabalhos para a televisão, entre eles a sitcom “Os Aspones”, que está entre os melhores programas da Rede Globo, novamente, na minha opinião. Muito engraçado e com sacadas ótimas sobre o dia-a-dia de uma repartição pública onde ninguém faz nada. Também na Globo participou de “Os Maias”, “A Próxima Vítima”, “Tropicaliente”, “Você Decide”, e da última temporada de “Os Normais”, e muito mais. Destaque para sua atuação na novela “A Indomada”, como Emanuel Faruk, que, segundo o próprio Selton foi um divisor de águas em sua carreira. Enfim, ele manda bem em tudo: é ator, diretor, produtor, apresentador e dublador. Para quem não se lembra, ele fez a voz de Ralph Machio em “Karatê Kid 2 e 3”, além de dublar Kenai em “Irmão Urso”, da Disney. No entanto, a melhor dublagem dele foi em “A Nova Onda do Imperador”, desenho, também da Disney, em que ele dubla o personagem Kuzko, um imperador cheio de vontades que tem que se arriscar a atravessar uma floresta perigosa para recuperar seu reino, porém, como uma lhama. Isso mesmo, ele é transformado em lhama pela maligna Yzma, a conselheira do imperador que é mais feia que briga de foice, e seu ajudante atrapalhado, Kronk. O filme é muito engraçado e eu recomendo para quem ainda não viu. Selton também apresenta o programa “Tarja Preta” no Canal Brasil, onde ele entrevista profissionais do cinema e pessoas ligadas à cultura em geral.
Todo esse papo só para expressar minha admiração por Selton Melo e por todo o seu trabalho, inclusive, como diretor de vídeo clipe. Ele dirigiu três vídeos do Ira!, entre eles “Eu vou tentar”, que é o máximo, e um da cantora Ana Cañas. Ele também se arriscou como apresentador do prêmio VMB, da MTV, em 2004 e 2005, tendo concorrido nesse ano ao prêmio de melhor diretor pelo vídeo do Ira!, citado anteriormente. Ele perdeu o prêmio mas não perdeu a pose na hora de anunciar o vencedor, como sempre, com muito bom humor e profissionalismo.
Se você também é fã do Selton, acompanhe o blog oficial dele, recheado de informações da carreira desse super ator.


PS: no Blog da Cris tem um post muito interessante sobre a presença feminina na vida dos homens, sem ser muito feminista, vale a pena conferir.

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